Lista da Rolling Stone: uma análise
Saiu
mais uma das infames listas de “melhores de todos os tempos”, dessa vez de
Metal (confira no link). Como não poderia deixar de acontecer, polêmicas
surgiram sobre as escolhas da lista. Basicamente, são dois tipos principais de
reclamações: alguns álbuns que não mereciam estar na lista e roubaram lugares
de álbuns que mereciam e álbuns que merecem estar na lista, mas não em posições
tão altas ou tão baixas. O primeiro tipo de reclamação merece uma discussão. Já o segundo tipo envolve gostos pessoais, salvo algumas exceções (por exemplo, é óbvio que "Paranoid" tem que estar na frente de "Fallen" do Evanescence). Assim, esse texto limita-se apenas ao primeiro tipo de reclamação.
O
primeiro ponto e, provavelmente, o mais importante é o próprio nome da lista. Chamar
de “os melhores álbuns” (ou “The Greatest”, no original em inglês) já abre margem
para uma subjetividade sem fim. Afinal, cada um tem seu gosto, então cada um
tem os seus melhores álbuns. Bem verdade que há CDs considerados obras primas e
que, por isso, devem aparecer na lista de todos que conheçam minimamente o
gênero. “Master of Puppets”, “Reign in
Blood”, “Paranoid”, “British Steel” são alguns álbuns nessa categoria. Nesse quesito, a Rolling
Stone fez o seu dever de casa. Mas esses álbuns ocupam no máximo 10 ou 15
posições na lista, logo sobram até 85 posições subjetivas. Por isso, uma
sugestão seria chamar a lista de “os 100 álbuns mais representativos de Metal”.
Por representativos, entenda-se álbuns influentes, sem os quais o Metal não
seria o mesmo de hoje e álbuns relevantes por motivos diversos, seja por
popularizarem o Metal, por levá-lo a um público de proporções nunca antes
atingidas, por terem vendido milhares de cópia ou por terem trazido elementos
novos ao gênero. Enfim, álbuns que, por méritos diversos, tenham sua
importância para o Metal. A impressão é que a Rolling Stone adotou esses
critérios, que diminuem, mas não eliminam a subjetividade das escolhas.
Com
base nisso, a inclusão de Avenged Sevenfold, Korn e Evanescence na lista fazem
sentido já que popularizaram, e muito, o Metal. O primeiro conseguiu tornar de
fácil digestão músicas com técnica apuradíssima, mas com melodias super
grudentas. O segundo levou ao mainstream músicas de peso considerável nas
guitarras. Já o terceiro apresentou ao grande público o gothic metal, mesmo que
com doses pops fortes. Além disso, é desnecessário dizer o quanto essas bandas venderam
de CDs no mundo inteiro. Elas podem não ser as melhores bandas que já pisaram
na Terra (ai entra a tal subjetividade), mas abriram portas para outras bandas
e, com certeza, foram o primeiro contato de muita gente com o Metal.
Outro
aspecto importante é a introdução que a Rolling Stone fez, explicando seus
critérios de escolha. A lista focou estritamente em Metal, então bandas de Hard
Rock como AC/DC, Guns N’Roses e Kiss foram deixadas de fora. Além disso, grupos
precursores do gênero, como Led Zeppelin e Deep Purple, também foram excluídos por não serem exclusivamente de
Metal ainda que tenham contribuído imensamente para o gênero. Virão os questionamentos de por que Soundgarden aparece na lista então? Basta ouvir o "Louder Than Love" para ver que é o álbum "de Metal" da banda.
A lista cobre muito bem o enorme espectro de subgêneros de Metal. O metal
do século XXI está bem representado com registros de Gojira, Mastodon,
Kvelertak, Deafheaven, Baroness e outras mais. Enquanto, o metal dos anos 90 foi
lembrado com Pantera, Darkthrone, Sepultura, Death e por ai vai. No final, as
10 melhores posições não devem desagradar aos "entendidos".
Mais
do que contestar as escolhas e posições, deveríamos dar valor à imensa variedade
de subgêneros dentro do Metal, algo que nenhum outro gênero possui e que essa
lista representa de maneira louvável. Afinal, que outro gênero comporta Avenged
Sevenfold e Pig Destroyer ou Sun 0))) e Slayer?
Para
terminar com um pouco de subjetividade, “Reign in Blood” deveria estar no Top 3
na opinião do autor.
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