As 25 melhores músicas de 2018 (pt. 3)

Por fim, as 5 músicas favoritas deste blog em 2018.

Confira a primeira e segunda parte da lista.

5) Drug Church - Weed Pin
Álbum: Cheer
"Weed Pin" começa como uma balada: apenas uma guitarra sem distorção e muito reverb acompanha os vocais calmos de Patrick Kindlon. Mas com 30 segundos, a calmaria é trocada pelo som de microfonia seguido de uma guitarra distorcida Nirvaniana. A partir dai, a música entra numa montanha-russa de andamentos, entre momentos calmos e momentos grunge /hardcore. Mas o destaque é sempre a guitarra solo, atuando quase como um segundo vocal da música e inserindo melodias em meio a barulheira da guitarra base. Esse é o tal do hardcore moderno, ainda agressivo mas com uma ótima produção e toques de rock alternativo e grunge. Por último, mas não menos importante, há que se destacar a letra, tão sarcástica quando autodepreciativa, que, de acordo com o vocalista, é sobre ser incontratável. De fato, a letra conta a desventura de um recém-contratado para um laboratório que, em seu primeiro dia de trabalho, contamina uma amostra e prejudica anos de pesquisa.

"O" momento: A frase que é repetida pelo cantor "Hard to choose a career when you're bad at everything" resume bem a autodepreciação e a frustração contidas na letra.



4) Kanye West - Ghost Town
Álbum: Ye
2018 foi um ano bem ocupado para Kanye West que esteve diretamente envolvido em 5 álbuns. "Ye" pode não ser o melhor trabalho do rapper no ano de 2018 mas, pelo menos, nele está "Ghost Town", que é o novo clássico do cantor/compositor/produtor. A música, um híbrido de soul e hip hop, tem todas as megalomanias do rapper: samples de música antiga, uma produção minuciosa, guitarras e algumas participações. O refrão é magistralmente cantado por um Kid Cudi levemente desafinado como que sentindo na pele o desconforto expresso na letra: "I've been trying to make you love me/But everything I try just takes you further from me". Kanye West aparece de forma rápida para soltar algumas linhas de rap falando abertamente sobre vários de seus problemas: seu transtorno bipolar, vício em opióides e sua polêmica figura pública. Mas o melhor da música é guardado para o final, quando a cantora 070 Shake toma o microfone para cantar alguns dos versos mais hipnotizantes do ano acompanhada somente pelas batidas exóticas do produtor Kanye West.

"O" momento: todo o outro da música, mas principalmente quando 070 Shake canta "I put my hand on a stove, to see if I still bleed".



3) DZ Deathrays - Shred for Summer
Álbum: Bloody Lovely
O duo australiano fez a música de rock mais animada do ano e nem precisarei de muitas linhas para descrevê-la. O riff principal é um filho bastardo de "Immigrant Song", a letra é pura e simplesmente sobre tocar guitarra e o refrão tem uma guitarra com um groove descomunal. Rock'n'roll pode e deve ser simples assim.

"O" momento: Tente não balançar a cabeça e cantar junto no refrão: "Shred the grip from my guitaaaar".



2) Turnstile - Generator
Álbum: Time & Space
"Time & Space" mostrou o futuro do hardcore, incorporando música indie, psicodelia, groove metal e até música eletrônica. E o melhor resultado desses experimentos foi "Generator". À primeira vista, a música é um hardcore metálico, com um riff para bater cabeça e um Zack de la Rocha do hardcore nos vocais. Os backing vocals meio atmosféricos "ah ahhh" do início mostram que há algo mais para acontecer na música. De fato, na marca de 01:50, as coisas começam a ficar estranhas com um interlúdio de guitarras psicodélicas, uma bateria com ecos e um baixo viajante. E por fim, a música toma um rumo inesperado, unindo a atmosfera psicodélica com um riff pesado e abafado (algo semelhante a Killing Joke), um vocal que parece entoar um mantra (Brandon Yates é capaz de cantar e não só berrar) e até palmas.

"O" momento: O final meditativo e pesado da música (a partir de 02:26) em que finalmente se ouve o título "Generator".



1) Chris Cornell - When Bad does Good
Álbum: Box Set Chris Cornell
Colocar "When Bad does Good" em primeiro lugar não é uma forma de homenagem ao grande Chris Cornell. A música ganhou a primeira posição simplesmente porque foi o que de melhor ouvi em 2018. Mas, podem estar perguntando: o impacto da música foi aumentado pelo fato de ter sido lançada postumamente? Provavelmente, mas, verdade seja dita, se a música fosse ruim, nem isso a teria alavancado.

"When Bad does Good" é um pop rock com uma letra assustadoramente mórbida, reminiscente da sua fase "Carry On" (talvez o álbum mais injustiçado de toda carreira), e foi gravado, produzido e mixado pelo próprio cantor. A voz de Chris soa torturada, mas potente como sempre, na sufocante introdução com um som de órgão ao fundo. E o trecho a partir de 01:50, com várias vozes dele sobrepostas, serve para nos lembrar da sua invejosa capacidade vocal. No refrão, a bela voz de Chris soa tão melódica quanto triste, como quem procura algum consolo cantando "Sometimes bad can do some good".
É um sentimento egoísta mas, a verdade é que ouvindo todas as nuances de "When Bad does Good" - os jogos de vozes, as melodias melancólicas, as letras e até o solo de guitarra meio cacofônico -, sinto um misto de raiva e frustração por saber que nunca mais ouvirei uma música nova composta por Chris Cornell. E apesar do próprio cantar que às vezes há males que vêm para o bem, infelizmente sua morte, com certeza, não é um desses males. Pelo menos, como consolo, ele nos deixou uma última pérola, sua elegia talvez.

"O" momento: Do início ao fim, de preferência assistindo o clipe.



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